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    Gameterapia é tema de projeto de iniciação científica vencedor


    Cortar um bife e carregar uma sacola são atividades relativamente fáceis para os adultos e demandam pouco esforço físico. Mas para Igor Dias da Costa, aluno do 6º período do curso de Fisioterapia da Universidade Veiga de Almeida (UVA), em Cabo Frio, eram ações impraticáveis até pouco meses atrás. Em decorrência de uma hipóxia cerebral na hora do parto, Igor teve o lado direito do corpo afetado, o que restringiu seus movimentos, entre outras sequelas. E foi esta dificuldade que o fez ser convidado para colaborar em um projeto de iniciação científica (PIC-UVA), que foi o grande vencedor na 12ª edição da Semana de Iniciação Científica, realizada em novembro, com mais de cem trabalhos inscritos. Com o tema “O uso da realidade virtual na reabilitação de pacientes hemiparéticos”, as alunas Nágila Biazatti e Fernanda Novaes, ambas do 8º período, usaram jogos de vídeo game como ferramenta terapêutica para a reabilitação de Igor. O trabalho foi orientado pela professora Juliana Bittencourt Marques, especialista em neurologia.

    As estudantes contam que pretendiam tratar um paciente com sequelas de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) quando Igor, que possui encefalopatia, apareceu como voluntário. As sequelas são parecidas e o trabalho foi iniciado, por meio do uso de jogos de boxe e tênis de mesa que utilizam o movimento do corpo. Em apenas dez encontros, Igor, sempre pontual e solícito, apresentou melhoras significativas. O paciente possui deficiência de força de um lado do corpo, mas além do aspecto físico, também precisava receber estímulos para que o cérebro recuperasse a representação cortical. Satisfeitas com o resultado do projeto, as jovens estudantes acreditam que o projeto necessita de uma continuidade, agora para poder mapear e refinar os resultados, inclusive com o suporte da análise de encefalogramas. Inicialmente, foram usadas duas escalas de avaliação – a MIF (Medida de Independência Funcional) e a DASH, que mede a deficiência de membros superiores.

    Além de conquistar três vitórias no boxe e uma no tênis de mesa após as dez sessões, o paciente apresentou diminuição no número de quedas, maior rotação de quadril, maior autonomia com a mão direita e melhora na autoestima, apresentando-se mais seguro. Durante a Semana de Fisioterapia, realizada em outubro, Igor foi aplaudido de pé durante uma demonstração do uso da gameterapia, quando conseguiu nocautear o adversário virtual. “Nosso maior prêmio, com certeza, é a reabilitação do Igor. Como paciente, ele acreditou na proposta de tratamento desde o início e contribuiu muito para a evolução”, relata Nágila. Sem esconder a felicidade, Igor diz que gostaria que a gameterapia fosse disponibilizada a um número maior de pacientes, inclusive na rede pública de saúde. “Estava me divertindo e tratando ao mesmo tempo”, compartilha.

    Com um brilho genuíno no olhar, Fernanda e Nágila relatam que o projeto de iniciação científica é apenas o primeiro passo. Pretendem dar continuidade aos estudos e a pesquisa fará parte do cotidiano profissional. “A pesquisa é importante não só para o profissional, mas principalmente como contribuição para o desenvolvimento da profissão”, diz Fernanda. O trio é unânime em afirmar que o maior troféu conquistado foi o fortalecimento da amizade. O projeto contou, ainda, com o suporte da Clínica Escola de Fisioterapia e colaboração do professor Claudio Barros Queiroz.

    Produto da Fisioterapia
    Sessões de Fisioterapia e atividades esportivas sempre fizeram parte da vida do Igor, desde os primeiros meses de idade. Graças aos cuidados dedicados pela família e profissionais, Igor pode correr atrás dos seus sonhos, fazendo cursos técnicos e ingressando na Universidade. Aos 35 anos, diz que a escolha pela Fisioterapia causou diversos questionamentos na família, mas tomou sua decisão e tem se mantido fiel. “Sou produto da Fisioterapia. Preciso quebrar barreiras todos os dias e seguirei assim até o fim”, enfatiza. Além da graduação superior, outro sonho de Igor é adquirir autonomia suficiente para poder morar sozinho. “Se com tratamento convencional cheguei ao estágio que estou hoje, imagina com as novas terapias que estão surgindo”, diz, com a propriedade de quem sempre foi paciente e almeja poder tratar outras pessoas com sua profissão.

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